Campanha da Fraternidade: como viver a empatia com o próximo
Por Edmilson Fernandes, da Pascom
Dezenas de pessoas participaram de uma noite de formação sobre a Campanha da Fraternidade 2020 na Paróquia São Pedro Apóstolo, no bairro do Tremembé. O encontro foi conduzido pelo frei Guilherme Pereira Anselmo, missionário inaciano.
Este ano, a CF tem como tema “Fraternidade e vida: dom e compromisso”, e o lema inspirado no Evangelho de Jesus, segundo São Lucas: “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele”.
A compaixão não depende de merecimento
Frei Guilherme começou explicando que o lema da campanha é uma inspiração para iluminar o tema. Destacou que a imagem do cartaz da CF, que mostra Santa Dulce dos Pobres no centro de Salvador, mostra a diversidade de pessoas que ela ajudava. O solidário não discrimina.
Ao falar sobre a parábola do Bom Samaritano, que inspira o lema da campanha, Frei Guilherme explicou que é preciso ver o contexto em que a história foi contada a um especialista em leis, que estava mais preocupado com a herança da vida eterna, em ir para o céu, do que com a situação dos irmãos.
Na palestra, o religioso lembrou que o samaritano que ajudou a vítima do assalto era considerado impuro pelos judeus (gente de segunda categoria, que não presta). Destacou que o sacerdote e o levita da parábola voltavam do Templo de Jerusalém, que era considerado o centro da fé naquela época. Ao sair do Templo, eles estavam “purificados” e por isso eram orientados a não tocar em alguém impuro antes de chegar em casa para abençoar a família. “Ainda hoje temos a visão de que tem gente que merece e gente que não merece a nossa compaixão. Às vezes excluímos pela religião, pela deficiência, pela cor da pele, pelo país de origem”, destacou Frei Guilherme. “Faltou empatia/compaixão ao sacerdote e ao levita, que representavam o culto e o poder religioso”.
Já o samaritano, que não ia ao Templo, viu, teve compaixão e agiu. Colocou óleo nas feridas do homem assaltado. Fez tudo de graça. Não questionou se a vítima merecia a sua ajuda. Pagou a pensão e prometeu arcar com as despesas excedentes quando voltasse.
Na palestra, Frei Guilherme assinalou que a parábola contada por Jesus foi uma provocação ao especialista em leis, que sabia tudo da Bíblia. Ele teve que admitir que quem fez a coisa certa, quem ajudou o próximo, foi alguém que era considerado impuro pelos judeus. Jesus usou justamente a imagem do samaritano para servir de modelo.
O encontrou foi realizado na igreja de São Pedro, na noite do dia 11 de março, e também teve participação das crianças e dos pais da Catequese familiar. O pároco, Pe. Edimilson Silva, o diácono permanente Vinício de Andrade e algumas irmãs passionistas também participaram da reunião.
Quem está caído hoje e precisa de compaixão?
Para encerrar a palestra na igreja São Pedro, Frei Guilherme apontou várias situações em que precisamos assumir o compromisso com a vida de quem está em situação fragilizada, como fizeram o bom samaritano e irmã Dulce.
Destacou que não podemos banalizar o mal, ter fobia de pobre (aporofobia) e nem esperar pelos outros. “Precisamos seguir a orientação do Papa Francisco: tomar a iniciativa para resolver o problema (primeirar), envolver a comunidade – não se pode fazer nada sozinho; acompanhar – para que o serviço não morra; frutificar e festejar, que é celebrar as conquistas”.